O esperto e o otário.

O otário, porque podia e sua profissão possibilitava, trabalhou dentro de casa por quatro meses. Perdeu oportunidades de trabalho. Fechou a empresa que estava começando. O otário se informou pela internet sobre a pandemia, e somente pela internet ele tinha contato com o mundo. Com os familiares e amigos e clientes. Mas é o que é preciso ser feito. Então vamos lá. Fazer o que?

O otário só saia à rua para comprar comida e remédios. Nada de restaurantes, nada de bares, nada de sair com os amigos. Comida de restaurante só se fosse por delivery. O otário não parava de usar álcool em gel e máscara. O tempo todo. Mesmo odiando usar aquele pano sufocante na cara. Mas é o que é preciso ser feito. Então vamos lá. Fazer o que?

O otário ficou em casa. Se privou de tudo. Amigos, festas, igreja, família. Tudo ficou pra depois. Depois de quando? Não se sabe! Nada é mais importante do que a saúde. É o que é preciso ser feito. Então vamos lá. Fazer o que?

Enquanto isso...

O esperto...

Ahh... o esperto! Esse ser que só pensa em si. Que não liga pra nada nem ninguém. O esperto quer reabrir a empresa. O esperto quer voltar a trabalhar. Tá perdendo dinheiro e a economia não pode parar. O esperto acha que coisa ruim só acontece com os outros.

- Que pandemia que nada! Essa mascara é muito ruim de usar. Não consigo respirar. Essa pandemia é uma roubada. O presidente é que tá certo.

O esperto?

Morreu.

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