Impeachment


Quem perde a capacidade de se indignar diante da impossibilidade justiça perde sua humanidade.
Em 94 eu votei no Brizola, em 98 e em 2002 no Ciro Gomes (e em Serra no segundo turno), em 2006 votei no Cristovam Buarque (e no Alckmin no segundo turno), em 2010 e 2014 na Marina Silva (e em Serra e Aécio no segundo turno). Ou seja, nunca votei no PT (Lula ou Dilma), e só votei no PSDB (Serra, Alckmin ou Aécio) em segundo turno quando as opções eram ou PT ou PSDB. Com isso posso dizer que não sou nem PT nem PSDB. Mas também não sou nenhum outro partido. Começo assim pra contextualizar e localizar e deixar claro o que escrevo a seguir: Depois de 8 anos de FHC/PSDB já estava na hora de mudança. Aí veio o Lula/PT e seus 8 anos de governo foram, noves fora, muito bons. Novamente seria hora de mudança. 8 anos de um partido no poder já tá bom demais. Mas a Dilma/PT ganhou e ganhou de novo. Sério? 16 anos de PT no poder? Achei muito. O governo dela já não era a mesma coisa. Ela não se saiu a excelente gestora vendida nas campanhas. Péssimo governo. Crise política. Problemas com o congresso. Dilma no poder sem conseguir governar. Sem traquejo político e por vezes arrogante com o congresso, de quem dependia pra votar leis. Muito ruim. Aí veio esse impeachment. Não sabia o que pensar. Fui procurar entender. Assisti os argumentos dos dois lados. Acusação e defesa. Meses disso. Repetições mil. Cheguei a uma posição. Se o impeachment fosse baseado no conjunto da obra do governo dela, ela era culpada fácil. Mas não era o caso. A defesa está certa. O impeachment baseado no que foi é fraco e facilmente se prova que ela é inocente. Salta aos olhos.

Quantos às acusações feitas, Dilma é inocente. Inocente sim. É duro pra você ouvir isso? É duro admitir? Provavelmente você nem quer ler o resto, não é? Exatamente. Leia e pense comigo. Prometo que não vou defender Dilma. Só elaborar um pensamento. Primeiro uma lembrança histórica: Você sabia que Fernando Collor foi absolvido no supremo (sim, o STF) daquela acusação que tirou ele da presidência? Pois é. Ele era inocente daquelas acusações. Mas quando acontece um impeachment - principalmente no Brasil - a acusação em si pouco importa, o que importa é se o presidente tem maioria na câmara e no senado. E Dilma não tem mais, pois o PMDB do vice, e que é maioria - decidiu tirar Dilma e por Temer no lugar se aliou à oposição. Então mais nada importa. É como se de repente a presidente virasse primeiro-ministro e o sistema político - apenas pra tirar o presidente - virasse temporariamente parlamentarista. Aí amigo... já era! O Papa Francisco ou o próprio Jesus em pessoa pode ser testemunha de defesa que não adianta nada. Aquele circo todo é político. Na política qualquer pretexto vale. Vale aqui um adendo sobre a imprensa. Principalmente a Globo mas não só ela. Quem assiste Globo e Globo News e que tem um pingo de criticismo percebe claramente o quão tendencioso aquele canal é. É impressionante. E acho tão desnecessário. É um desserviço. Mas enfim... Nas ruas também não importa. Quem quer que Dilma saia (muitos desses que até votaram nela e no PT quando tava tudo bem, tudo legal) tá pouco ligando se é Temer ou próprio Lúcifer que vai assumir no lugar dela. Tá pouco importando que não haja provas. Inocente ou culpada tanto faz. O que acontece daí pra frente? Dane-se! Tanto faz! Vamos pagar pra ver. E ao ver tanta gente - daí incluindo-se os parlamentares, deputados e senadores e pessoas comuns como eu e você - que, mesmo sabendo de sua inocência, pouco se importando, desde que ela saia. Você percebe o ódio, o sangue nos olhos. A cara maquiavélica quase que dando aquela risada clichê de vilão... mu hu ho ha ha ha... Eu aprendi que pra ser justo tem que ser imparcial. Mesmo sendo duro admitir que o veredito justo não é aquele que você queria. Você tem que fazê-lo.

A gente aprende na vida que a justiça é rara. Muito rara.

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